quinta-feira, 16 de julho de 2009

Adoção de softwares livres por escolas públicas

A substituição dos softwares proprietários por softwares livres nos órgãos públicos tem sido defendida pelo governo federal, organizações não governamentais, alunos, professores e outros. A base está na qualidade equivalente ou superior dos softwares livres, maior segurança e menor custo.
Porém, não basta o apoio do governo e de outros órgãos. Segundo Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, “a maior barreira para o uso do software livre ainda é cultural”. Ressalta ainda que pode haver uma resistência à mudança, já que muitos estão acostumados a usar o software fechado e também pelo fato de existir poucos profissionais capacitados para essa mudança. Esses profissionais deveriam servir como multiplicadores desse desenvolvimento tecnológico.
Ainda hoje, as escolas públicas utilizam em sua maioria o software fechado. Dessa maneira, os alunos não aprendem informática, mas sim a usar um programa específico. Para Ana Maria, responsável pela parte de informática da Softex “é mais fácil para quem nunca teve contato com o software fechado aprender diretamente no software livre”.
O Rio Grande do Sul foi o primeiro a usar o Software Livre no sistema público de ensino. A “Rede Escolar Livre”, projeto que viabilizará o uso de informática em escolas públicas, foi implantada com base no Linux em seus servidores. José Francisco Fernandez, da Central de Apoio Tecnológico à Educação, acredita que o uso do software livre pelos alunos de escolas públicas irá ajuda-los na inserção no mercado de trabalho. Porém, "essa inserção não depende apenas de aprender a utilizar um sistema operacional ou outro... mas de toda a história educacional desse aluno".
Outra iniciativa federal que envolve a informatização de escolas públicas é o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que prevê a instalação de computadores em 185 mil escolas e 300 mil pontos de conexão para internet em escolas e bibliotecas públicas por todo o país. Contudo, dessa vez, a compra de software proprietários não está incluída.
Em relação à economia do país, o deputado Luiz Couto (PT-PB) critica a hegemonia dos sistemas fechados por inibirem o desenvolvimento e a tecnologia nacional. “Na área de informática, o ensino público deve repensar esse modelo que transforma as pessoas em “clicadores” de botões, que mais se assemelham a robôs adestrados para a execução de uma única tarefa”, afirma o deputado. Com o maior uso do software livre, as empresas nacionais e internacionais estariam sendo favorecidas, pois aumentaria a demanda por serviços complementares, como a instalação, treinamento, suporte, desenvolvimento e por produtos que estejam relacionados ao software livre. Porém, para Murilo Sodré, “o favorecimento é local, o dinheiro gira na sua região e não vai para o pagamento de royaties estrangeiros ou para a contratação de operadores de "caixa preta".
Além da gratuidade, outra vantagem do Linux seria a facilidade de poder utiliza-lo em máquinas mais defasadas, que é a realidade de muitas escolas públicas. Se tiver um bom servidor poderá usar computadores mais antigos.
Outros países também já começaram a implementar o software livre nas escolas públicas, como é o caso do Reino Unido, Espanha, França, Estados Unidos e outros. As iniciativas usadas podem ser: levadas a cabo para escolas isoladas, grupos de escolas que se reúnem para partilhar experiências usando o Linux e esforços dos governos.
A uso do software livre pelos alunos das escolas públicas é um convite a modifica-lo, a fazer parte de uma comunidade mundial de pessoas que podem desenvolver novas idéias, novas tecnologias e que podem futuramente fazer parte da “trupe” que informa, que ajuda, que tira dúvida. Não obstante, alunos e professores também poderão contribuir com críticas boas quanto críticas que ajudem na melhoria do sistema.
Com flexibilidade para usar e estudar o software, os alunos teriam um maior valor social podendo participar de um programa de cooperação. Será favorável também quando um novo recurso for lançado, pois poderão montar um grupo para adaptar o sistema e fazer aceitarem o novo.
Tratando-se de mercado de trabalho, o software livre tem um modelo bastante diferenciado do software proprietário. Enquanto o software proprietário se preocupa com o objeto em si, o software livre tem o foco no relacionamento com o cliente. Além disso, notamos também uma nova ética no trabalho, pois há maior interatividade, já que é diária a evolução de idéias, pois trata-se de um produto aberto, para quem quiser ver, usar, ou até mesmo contribuir.
Para Julia Koefender, pedagoga e ex participante do CLASSE( Classificação do Software Livre Educativo) o Software Livre também contribui na questão filosófica dos alunos das escolas. Para ela, quando se ensina o software livre, também se ensina o respeito às diferenças “porque cada um tem a sua necessidade, e o Software Livre pode ser adaptado ao seu jeito. A construção coletiva de conhecimento e o conceito de colaboração. Isso porque o Software Livre é feito dessa maneira pela comunidade que conta hoje com mais de um milhão de programadores ao redor do mundo.”

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